Após nota de embaixada dos EUA pró-Bolsonaro, Itamaraty chama representante a prestar esclarecimentos
Brasília, 9 de julho de 2025 – O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, mais conhecido como Itamaraty, convocou o encarregado de Negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre uma nota emitida pela representação diplomática norte-americana que manifestou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação ocorre em meio a tensões políticas, uma vez que Bolsonaro enfrenta acusações no Supremo Tribunal Federal (STF) de liderar uma organização criminosa para orquestrar um golpe de Estado.
Reunião e Repercussões Diplomáticas
Após a convocação, Gabriel Escobar reuniu-se com Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty. Segundo relatos, o conteúdo da conversa entre Escobar e a diplomata brasileira foi comunicado ao chanceler Mauro Vieira, que pretende apresentar um relatório completo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião ocorre num contexto delicado de relações bilaterais, especialmente após a embaixada dos EUA endossar publicamente as opiniões de Donald Trump, o presidente dos EUA, sobre temas internos do Brasil.
Contexto e Implicações da Nota Pro-Bolsonaro
A nota da embaixada americana alegava que o ex-presidente Jair Bolsonaro é vítima de “perseguição política”, ecoando declarações feitas por Donald Trump em sua rede social, Truth Social, onde repudiou o tratamento dado a Bolsonaro pelo STF. As postagens de Trump qualificaram os processos judiciais contra Bolsonaro como “caça às bruxas”. O ex-presidente, que perdeu o cargo nas eleições de 2022 para Lula, agradeceu publicamente o apoio de Trump, descrevendo-o como um “amigo ilustre”.
Respostas e Próximos Passos
Em contrapartida, o Palácio do Planalto, por meio de nota assinada pelo presidente Lula, afirmou que a defesa da democracia brasileira é um tema soberano e rejeitou qualquer forma de interferência externa. “Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja,” declarava o comunicado, reforçando que ninguém está acima da lei no Brasil.
A situação chama atenção para os desenlaces diplomáticos e políticos entre Brasil e Estados Unidos, especialmente considerando-se as acusações pendentes contra Jair Bolsonaro e sua inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político. Em meio a esse cenário, a convocação do encarregado de negócios americano se configura como uma medida de gestão de crises, enfatizando a necessidade de diálogo para preservar as relações diplomáticas entre os dois países.
Conclusão
Com o desenrolar dos eventos e as tensões nas relações diplomáticas, o desfecho deste episódio poderá significar não apenas repercussões para as interações futuras entre Brasil e Estados Unidos, mas também influenciar o cenário político interno, enquanto o Brasil enfrenta desafios na consolidação de suas instituições democráticas. O acompanhamento das próximas etapas e comunicados será essencial para entender os desdobramentos da política externa e interna brasileira.
