A lenta destruição das estátuas gigantes na Ilha de Páscoa: ‘Um dia voltarão ao oceano’
Ameaça à herança cultural da Ilha de Páscoa
As icônicas estátuas moai da Ilha de Páscoa, ou Rapa Nui, estão enfrentando uma ameaça crescente de deterioração, em um embate constante contra os elementos naturais. Com cerca de mil estátuas espalhadas pela ilha, cuja maioria está em plataformas finais chamadas ahu, o cenário é de urgência para a proteção desse precioso patrimônio cultural frente à erosão acelerada pelas mudanças climáticas.
Desafios e soluções propostas pela comunidade
Líderes comunitários em Rapa Nui estão em vigorosa busca de soluções para mitigar a destruição contínua dos moais. As opções vão desde a realocação das estátuas para locais mais protegidos até a aceitação de sua deterioração como parte de um ciclo natural de vida. As estátuas, esculpidas entre 1100 e 1600 d.C., são feitas de tufo vulcânico, um material poroso e suscetível ao desgaste pela ação do vento, chuva e maresia.
Maria Tuki, que trabalha no setor turístico da ilha, compartilha a preocupação local ao assistir ao progressivo desaparecimento dessas figuras monumentais. A comunidade está explorando várias iniciativas, incluindo tratamentos químicos e o uso de tecnologia de ponta, como drones para escaneamentos 3D, na tentativa de preservar os moais para as futuras gerações.
Impacto ambiental e histórico dos monumentos
Historicamente, as estátuas representam os ancestrais e a linhagem do chefe polinésio Hotu Matu’a, o primeiro colonizador da ilha. Este legado importante foi reconhecido pela Unesco em 1995, com a inclusão do Parque Nacional de Rapa Nui como Patrimônio Mundial. Entretanto, as forças da natureza não concederam calmaria; inclemente, o sol, o vento e a salinidade corroem lentamente as figuras que guardam a costa chilena.
Com recursos escassos para intervenções periódicas e custos elevados de importação de materiais especializados, cada etapa do planejamento de preservação é cuidadosamente avaliada. Em 2023, a Unesco destinou US$ 97 mil à recuperação parcial de cinco moais gravemente danificados por incêndios em 2022, mas o processo esbarra nos desafios financeiros e logísticos.
O valor cultural e turístico dos moais
A importância dos moais vai além do seu valor cultural e histórico intrínseco; eles são também um pilar econômico para a ilha, atraindo mais de 100 mil visitantes por ano. A polêmica sobre sua preservação ou repatriação, como no caso da estátua Hoa Hakananai’a, transportada para o Museu Britânico, ressalta as diversas perspectivas locais sobre a melhor forma de garantir a continuidade e a integridade desses monumentos.
Conclusão
Apesar dos intensos esforços de preservação, o futuro dos moais está envolto em incertezas, refletindo a complexa interação entre a conservação do patrimônio cultural e as forças inerentes do ciclo natural. Em meio a essa batalha contra o tempo e os elementos, a comunidade de Rapa Nui continua a trabalhar incansavelmente para proteger seu legado e transmitir as tradições ancestrais por meio da criação de novas obras, garantindo que a cultura Rapa Nui continue a florescer na ilha e além.